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segunda-feira, agosto 4

O MEU MELHOR AMIGO!

Ainda não sei o que pensar, o que sentir, o que dizer.
No primeiro dia de Agosto resolveste desistir de lutar.
Não falava contigo há já alguns meses, e tu, sem ninguém desconfiar, decidiste abandonar a tua filha, a tua mulher, o teus amigos e eu.
Abandonaste-me.
Perdi o meu melhor amigo.
O das anedotas, o das mensagens de fim-de-semana por causa do nosso Benfica, aquele que brincava com os alunos e com as alunas! Um malandro, é o que era!
Perdi o meu melhor amigo.
Aquele que disse "Vais ser prof da Inês e aperta com ela! É a doer. Como só tu sabes fazer."
Perdi o meu melhor amigo.
Uns diziam que era velho, outros que não era assim tão velho, outras que já não era novo.
Para mim era apenas um gajo de cabelo brancos, alto, muito alto com um sentido de humor enorme. Como ele.
Perdi o meu melhor amigo.
Ensinou-me muito do que sei.
Ensinou-me a ser aluno.
Ensinou-me a ser designer.
Ensinou-me a ser professor.
Ensinou-me tanta coisa...
Perdi o meu melhor amigo.
Ele morreu.
Assim... sem ninguém esperar ou desconfiar. E não me disse que ia desistir.
Não me disse que estava cansado.
Não me disse que estava farto.
Não me disse nada.
Ele morreu.
E eu, chateado e stressado, angustiado e revoltado por não saber porque é que ele não queria falar comigo.
Ele não me queria dizer que ia desistir.
Perdi o meu melhor amigo.
Ele já tinha dito!...
Ensinou-me tudo!
E quer que ensine a filha dele.
Perdi o meu melhor amigo.
E não quero outro para substituí-lo.
Perdi o meu melhor amigo.
Não quero mais amigos assim.
Quando eles partem dói como o raio! E muito!
Perdi o meu melhor amigo.
E ainda não acredito!
E choro, como nunca chorei.
E sempre que me lembrar dele, quero chorar e quero que me doa e quero sofrer e quero e quero e quero!
Que me doa muito.
Quero fechar os olhos e vê-lo.
Cheirá-lo.
Senti-lo.
Ouvi-lo a rir!
'tou na merda.
E agora? Faço o quê?
Quem me aconselha? Quem me repreende? Quem me faz rir?
Foste egoísta!
Só pensaste em ti! Partiste.
Mas eu também sou egoísta.
Não quero outro amigo como tu.
Quero que me doa! E muito!
Perdi o meu melhor amigo.

6 comentários:

sofi(a)* disse...

Um beijinho * e muita força. Ele vai andar sempre aí... nas nossas conversas, no sorriso da Inês, no nosso coração. E, claro, a olhar por nós.

Anónimo disse...

O zé, a quem pediamos vezes sem conta para desenvolver, foi do melhor que passei contigo nos últimos 15 anos. tenho muitas saudades mas ele preparou tudo muito bem, ensinou-nos e deixou a inês bem perto - queres maior prova de amizade? temos muita sorte... digo-te agora o que lhe disse nestes doiss anos, estou à distância de um telefonema. beijocas grandes e um grande abraço.

aquele_gajo_do_sporting disse...

Foi dificil de ouvir a noticia, foi dificil ve-lo no sabado, ja ha muito tempo que não o via, mas o que vou recordar vai ser o primeiro dia de aulas que tive com ele... nunca mais me esqueço, entro na sala e está um gigante, ali de pé, com o cabelo enorme, despenteado e com um ar de "Einstein"... e a primeira coisa que ele diz é: "chegaram aqui e agora vão ficar todos doidos, nunca mais pensarão como os outros "mongos" que andam lá fora... Eu ando sempre com um amigo imaginario, invisivel, que so eu é q vejo..." Logo ali ele se tornou uma referencia, depois as caricaturas que ele fazia de mim... desenhava como ninguem, as picardias entre Sporting e Benfas, as gelatinas ao almoço... tenho saudades, era talvez a pessoa mais inteligente que conheci,tive o privilegio de conhecer um grande homem...

Um abraço para ele e outro para todas as pessoas que neste momento o recordam. Outro para ti

Anabelacpsãeésse disse...

ó que sentido de oportunidade o meu...

... vir aquidar pela primeira vez, logo num dia de luto...


Vá, isso vai passar. Tudo passa, nesta vida... queres que te conte uma estórinha? Pode ser da Anita? lol

sodona.leide disse...

um abraço.

moon_watcher disse...

Soube hoje, de forma inesperada desta noticia no blog do professor Carlos Costa...

Desabafo aqui uma coisa que me aconteceu e que por culpa dela, não o soube mais cedo.
Era dia 1...o dia desta infeliz coisa e o meu telemóvel tocou. Era uma colega minha do iade...uma amiga do passado que deixou de ter esse titulo para mim devido a acontecimentos vãos...
Nao atendi o telefone. Naquele momento, nao senti necessidade.

Hoje, sinto a necessidade de ter atendido aquele telefonema que por orgulho nao o fiz. Nele, certamente estava esta triste notícia.
Sai do iade este ano lectivo. Ja nao sou dali...mas pertenço ali.
Era o meu professor...aliás...É!!
Nao me tirem o titulo de monga, calhau ou qualquer outro que me foi imposto plo meu professor.

Corto-Maltese: não sei quem és,penso que não terás sido meu professor, mas coisas temos em comum: aprendemos magia...aprendemos a ver o mundo com outros olhos: aprendemos com o NOSSO professor que lá está no alto...

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